ATA DA DÉCIMA PRIMEIRA SESSÃO SOLENE DA SEGUNDA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 09-5-2002.
Aos nove dias do mês de maio do ano dois mil e dois,
reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal
de Porto Alegre. Às dezessete horas e nove minutos, constatada a existência de
quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão,
destinada a homenagear o Dia das Mães, nos termos do Requerimento nº 035/02
(Processo nº 0822/02), de autoria da Mesa Diretora, por solicitação do Vereador
João Antonio Dib. Compuseram a Mesa: o Vereador João Antonio Dib, presidindo os
trabalhos; a Deputada Estadual Jussara Cony, representante da Assembléia
Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul; os Senhores Júlio César Machado da
Silva e Maurício Enrique Díaz Vandorsee, respectivamente Presidente e
Secretário-Geral da Associação Cristã de Moços de Porto Alegre - ACM; o Padre
Roberto Paz; o Pastor Douglas Wehmut; o Rabino Guershon Kwasnewsry; a Vereadora
Maria Celeste, na ocasião, Secretária “ad hoc”. Também, o Senhor Presidente
registrou a presença da Senhora Maria Bernadete Magalhães, Presidenta do Lar
Santo Antônio dos Excepcionais. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a
palavra ao Padre Roberto Paz, ao Rabino Guershon Kwasnewsry e ao Pastor Douglas
Wehmut, que discorreram sobre o significado do Dia das Mães, ressaltando a
importância da figura materna para a formação de cidadãos responsáveis e
conscientes de suas responsabilidades e deveres junto à sociedade. Também,
salientaram a necessidade de valorização do papel da mãe como meio de
diminuição dos níveis de violência na sociedade brasileira. A seguir, o Senhor
Presidente registrou a presença da Senhora Márcia Petry, Delegada do Grupamento
de Operações Especiais do Departamento de Polícia Metropolitana. Em
continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Júlio César
Machado da Silva, que historiou dados relativos à introdução, no Brasil, das
comemorações alusivas ao Dia das Mães, destacando a importância do registro
hoje feito por este Legislativo à referida data comemorativa. Na ocasião, o
Senhor Maurício Enrique Díaz Vandorsee procedeu à entrega de flores ao Vereador
João Antonio Dib. Em prosseguimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra a
Vereadora Maria Celeste que, em nome da Câmara Municipal de Porto Alegre,
cumprimentou o Vereador João Antonio Dib pela iniciativa da presente homenagem,
afirmando sentir-se honrada em representar os Senhores Vereadores deste
Legislativo nesta solenidade. Também, ressaltou a importância da atuação das
mães no processo de educação e formação dos filhos, chamando a atenção para a
participação feminina como agente transformador da sociedade em todas as áreas
profissionais. A seguir, o Senhor Presidente procedeu à entrega de lembranças
referente ao Dia da Mães aos integrantes da Mesa, agradeceu a presença de todos
e, nada mais havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos às dezessete
horas e quarenta e sete minutos, convocando os Senhores Vereadores para a
Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos
pelos Vereadores João Antonio Dib e secretariados pela Vereadora Maria Celeste,
como Secretária "ad hoc". Do que eu, Maria Celeste, Secretária
"ad hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que, após
distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e
Presidente.
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Estão abertos os trabalhos da presente
Sessão, sendo que esta é a trigésima oportunidade em que a Câmara Municipal de
Porto Alegre homenageia as mães. Compõem a Mesa a Ex.ª Sr.ª Deputada Jussara
Cony, representando a Assembléia Legislativa. É uma satisfação tê-la aqui,
porque ela foi Vereadora conosco por muito tempo. Ainda: o Presidente da
Associação Cristã de Moços de Porto Alegre, Sr. Júlio César Machado da Silva,
que, presidindo a ACM, traz aqui a representação de quem trouxe para Porto
Alegre, em 1918, Dia das Mães, que depois foi oficializado pelo Governo e
também pela Igreja Católica; o Sr. Secretário-Geral da Associação Cristã de
Moços, Sr. Maurício Enrique Díaz Vandorsee. Como tem sido tradicionalmente
feito, os Vereadores não falam, apenas as autoridades eclesiásticas. Temos aqui
o Padre Roberto Paz, o Pastor Douglas Wehmut e o Rabino Guershon Kwasnewsry.
Também temos presente no Plenário a Dona Maria Bernadete Magalhães, Presidente
do Lar Santo Antônio, que escolhemos para expressar, neste ano, a mãe anônima
de quase uma centena de crianças e adolescentes de vida vegetativa. E o Lar
Santo Antônio do Excepcional está precisando de todos nós.
Passo
a palavra ao Padre Roberto Paz para que fale em nome da Igreja Católica.
O SR. PADRE ROBERTO PAZ: Sr. Ver. João Antonio Dib, que está
presidindo esta Sessão e que todos os anos nos reúne nesta singela e
emblemática homenagem de gratidão às mães; Sr.ªs Vereadoras e Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) É bom celebrar
alguém especial e não apenas um dia especial para alguém, porque há uma certa
injustiça em só consagrarmos um dia a alguém tão importante como é a mãe.
Quando falamos que a mãe é alguém especial, estamos a reverenciá-la, em
primeiro lugar, pela missão divina que é a maternidade, o dom de gerar,
acolher, proteger e promover a vida. De fato e deveras ela está ligada ao
mistério da vida, do princípio da vida. Carrega dentro de si a inimaginável
alegria de poder dizer “hoje, eu dei à luz uma pessoa humana”.
Vemos
em cada mãe a figura simbólica do cuidado e do zelo pela vida. A encarnação do
verbo amar em todas as conjugações, tempos e modos, se é possível pensar. Ela
representa o carisma pessoal do amor. Diz Vijrand que nós somos seres
conjugais; fomos criados para a comunhão, e, só amando, podemos ter essa
capacidade de servir e de nos comprometermos em defesa da vida. Em um tempo de
insegurança, crise e violência crescente, o semblante materno transparece a
necessária bondade, confiança e carinho que nos faz acreditar no futuro como
benfazejo.
As
mães, como os grandes reservatórios da esperança para a humanidade, recriam
constantemente a fé no ser humano, nas suas possibilidades, no seu poder
restaurador. A mãe, como artífice e construtora da paz, torna-se cada vez mais
relevante na sua função de educar para a comunhão, para a reconciliação, para a
solidariedade e hospitalidade, para a concórdia e a tolerância.
Não
é casual que o grupo inter-religioso, do qual fazemos parte, o rabino, eu e
outros líderes religiosos, surgiu vinculado à celebração do Dia das Mães. É uma
prova desse poder, dessa capacidade que tem a mãe de unir, de retecer a unidade
do ser humano.
Neste
início de milênio, quando muitos querem fechar as fronteiras, levantar grades,
excluir pessoas e até propiciar o choque das culturas, surge límpida no
horizonte a mãe, como principal e fundamental protagonista da civilização do
amor e da ternura, promotora da cultura do dar-se, da partilha e da gratuidade,
porque com a mãe aprendemos o valor da pessoa, que não se mede em riquezas, que
não se mede em forças, que não se mede somente em talentos cognitivos, mas no
que ela é diante de Deus como ser humano, filho de Deus, imagem de Deus. Isso
nós aprendemos no colo de uma mãe, porque é o único ser que nos ama pelo que
somos.
Caríssimos,
quando a França foi derrotada na II Guerra, o Marechal Pettain explicava: “A
derrota, sim. Faltaram-nos mães.” Hoje, diante do espetáculo infelizmente
presente da guerra fratricida, do ódio, da vingança, podemos afirmar convictos:
faltam mães nas instâncias do poder; faltam mães nas instâncias da decisão;
faltam mães no comando da Nação; faltam mães nas relações internacionais.
Estimadas
mães, nunca esqueçam aquilo que vocês têm em comum com Maria, Mãe de Jesus:
serem profetisas da vida, da misericórdia e da paz para todas, para todas as
criaturas. Que a face divina mire sempre em vocês. Parabéns, que Deus as
abençoe. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Registro as presenças do Ver. Juarez
Pinheiro, da Ver.ª Maria Celeste, do Ver. Pedro Américo Leal, do Ver. Sebastião
Melo, do Ver. Isaac Ainhorn e do Ver. Ervino Besson.
O
Rabino Guershon Kwasnewsry está com a palavra.
O SR. RABINO GUERSHON KWASNEWSRY: Sr. Presidente e Sr. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Estou aqui representando a SIBRA, a
Sociedade Brasileira de Cultura Beneficência, mas estou trazendo mensagem da
Federação Israelita Brasileira do Rio Grande do Sul e de todas as entidades
judaicas para todas as mães do nosso Estado e do Brasil.
Segundo
a nossa Torá, segundo a nossa Bíblia, a primeira mulher na história, de nome de
Eva Ravah também foi a primeira mãe. Ela não foi simplesmente a mãe de Caim e
Abel, ela foi também a mãe de Shet, ela foi também a mãe de muitos filhos e
filhas. Interessante é que na hora em que pesquisamos o nosso livro Gênesis, na
hora em que tentamos pesquisar nas nossas lembranças, na hora em que
perguntamos sobre os filhos de Eva, simplesmente pensamos em Caim e Abel, mas
foram também muitos outros os filhos dessa primeira mulher. Esta primeira
mulher deu lugar ao primeiro nascimento humano, porque a criação de Eva se
depreende do próprio homem, foi Eva que gerou, pela primeira vez, vida e foi
com Eva que assistimos ao milagre da vida. Eva não teve uma vida fácil; ela,
que foi a primeira mulher, teve também de enfrentar aquela história de ser
expulsa do paraíso.
Cada
um de nós, na hora que nasce, é quase como se fosse expulso do paraíso que é o
ventre materno. Cada um de nós conhece o melhor e se despreocupa na hora em que
está sendo gestado, mas é que não dá tempo para pensar ou para perceber quão
confortáveis estamos dentro de cada uma de nossas mães, mas descobrimos o mundo
na hora em que saímos dela, descobrimos o mundo na hora em que começamos, cada
vez, a crescer e a nos afastarmos dela. Portanto, a possibilidade de voltar
àquele paraíso sempre é tentar voltar a ter o melhor relacionamento com a nossa
mãe, aquele relacionamento que deve ser um relacionamento de respeito, de
reconhecimento, aqueles nove meses que levaram vocês a conhecerem melhor os seus
filhos, a terem aquele relacionamento antes da própria vida, antes daquele
rosto a rosto, antes de estar frente a frente.
Portanto,
a possibilidade que vocês, mulheres, têm de conhecer os seus filhos, de se
relacionarem durante aqueles nove meses, faz com que, justamente, o contato
entre mãe e filho seja único, e mesmo o pai, acompanhando todo aquele processo
de gestação, nunca poderá e nunca conseguiu equiparar àquela relação que uma
mãe consegue com seus filhos.
Eva
foi uma mulher que lutou, foi expulsa do paraíso, junto com Adão, mas, ao longo
de sua vida, tentou voltar. Hoje, cada um de nós tenta fazer desta sociedade
uma sociedade melhor. Na hora em que pensamos em um mundo ideal, pensamos num
paraíso; na hora em que tiramos férias, sempre pretendemos escolher um lugar
paradisíaco. Tomara que possamos fazer do relacionamento com as mães um lugar
paradisíaco, mesmo nesta terra, mesmo na hora em que somos expulsos, por
diversas situações, situações de fome, de desigualdade, de briga, de ódio, de
inveja, de ciúmes. Uma mãe tem uma relação ideal com seus filhos, e nós todos
devemos aprender e, justamente, chegar a esse nível ideal que existe entre uma
mãe e um filho.
Quero
desejar, especialmente às mães que nos acompanham aqui, de todo o coração, em
nome da comunidade judaica, que tenham um ótimo dia, mas também quero
dizer-lhes, como sempre nos lembramos no nosso ato inter-religioso em homenagem
as mães, que promove a ACM: mães estão todas presentes em nós, mesmo aquelas
que vivem na nossa memória. Para elas também a nossa homenagem.
Hoje
pela manhã, cumprindo as minhas funções de líder religioso da comunidade
judaica tive que acompanhar uma família no sepultamento de uma mãe. Dois
filhos, que estão sozinhos no mundo; a única que eles tinham era a sua mãe. E
aquela mãe os deixou nesta manhã. Pensei muito na hora em que cheguei aqui,
naquela dor, naquelas lágrimas inconsoláveis, daqueles dois filhos
despedindo-se da sua mãe. Não existe igual, no relacionamento entre os seres
humanos, ao contato entre um filho e a sua mãe, uma mãe que marcou o caminho,
que marcou a educação dos filhos, uma mãe que marca para sempre uma identidade.
Seja qual for a religião que esses filhos professem, seja qual for o caminho
que eles escolham para as suas vidas, acima de tudo, as mães têm os seus
próprios princípios, que, estou seguro, estão acima de qualquer religião, de
qualquer ideologia, aquilo que está no sangue, que não está escrito nos livros.
Meus parabéns para todas as mães. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Pastor Douglas Wehmut está com a
palavra.
O SR. PASTOR DOUGLAS WEHMUT: Mais uma vez esta Casa se transforma num
templo quando nós somos chamados a nos aquietar e meditar ao redor desta data
tão importante que é o Dia das Mães. Sou grato à Mesa, que me dá este
privilégio e sou grato por poder repartir com as mães aqui presentes e com os
demais senhores e senhoras alguns pensamentos. A minha convicção, nos últimos
tempos - e na medida que os anos passam isso tem aumentado -, é que um dos
grandes privilégios que nós temos como seres humanos é o privilégio de podermos
sonhar. Talvez o que nos distinga dos demais animais seja o privilégio de poder
sonhar.
Os
especialistas na saúde humana dizem que quem sonha expressa que tem saúde
física, que quem sonha expressa que tem saúde psico-emocional. É um privilégio
podermos sonhar!
Eu
gostaria de acrescentar uma terceira área onde se expressa a importância dos
sonhos. As Escrituras Sagradas, tanto no Velho Testamento como no Novo
Testamento, direta ou indiretamente, expressam que sonhar é característico
daqueles que têm saúde espiritual. No mundo que navega em muitos rios
diferentes chamados espiritualidade, é bom lembrarmos que a espiritualidade
sadia se manifesta ali onde os sonhos são reais. Há um dos profetas do Velho
Testamento que diz que um homem e uma mulher que estão cheios do Espírito de
Deus, esse homem e essa mulher, jovens e idosos sonharão e terão visões. Os
sonhos e as visões são privilégios para nós, seres humanos.
Mas
não falo dos sonhos que nós experimentamos enquanto estamos deitados na nossa
cama. Falo, hoje à tarde, especialmente dos sonhos de olhos abertos. Esses
sonhos eu gostaria de chamá-los a sonhar. Não os sonhos em preto e branco, mas
os sonhos coloridos. Não os sonhos monótonos e rotineiros e sim aqueles sonhos
que estão caracterizados e marcados pela própria sinfonia da vida nas suas mais
diversas expressões. Eu tenho dois sonhos. E dois sonhos quero compartilhar com
as mães aqui presentes. Dois sonhos gostaria de rogar que os filhos aqui
presentes repartissem comigo e sonhassem comigo. O primeiro dos sonhos que eu
tenho, especialmente nos últimos dias, na medida em que se avizinha esta data
tão importante que é o Dia das Mães, é com as mães que comunicam aos seus
filhos os valores absolutos de Deus, não de qualquer Deus, mas dos valores
absolutos do Deus Criador de céus e terra; não do Deus que é impessoal, não do
Deus que está distante, não do Deus inalcançável, nem sequer do Deus que nós
dominamos, simplesmente, a partir dos nossos dogmas e das nossas doutrinas e
das nossas filosofias. A tradição judaico-cristã fala de um Deus que está
perto, a tradição judaico-cristã fala de um Deus que caminha conosco, o Deus
que caminhou com Abraão, que caminhou com Jacó, que caminhou com José, que
caminhou com os grandes patriarcas do Velho Testamento, que continuou
caminhando com os personagens do Novo Testamento e que, ao longo da história,
nos últimos dois mil anos, tem caminhado com o seu povo. É esse Deus que eu
sonho que as mães comuniquem aos seus filhos; os valores absolutos desse Deus
que é um Deus que busca por intimidade com o ser humano; não um Deus
refratário, não um Deus no qual não nos possamos colar e grudar, não um Deus
com que não se possa ter intimidade, mas, ao contrário, um Deus que deseja e
que busca pela nossa intimidade. É esse o meu primeiro sonho. Sonho com mães
que falem desse Deus, do Deus que está perto, que está próximo, do Deus que é
uma realidade concreta e palpável, do Deus que literalmente pode ser
experimentado. O meu primeiro sonho é o sonho de mães que falem desse Deus.
O
meu segundo sonho é com filhos, entre os quais me incluo, em memória, mas sei
que muitos têm a oportunidade e o privilégio de fazer isso concretamente. Eu sonho
com filhos que sabem honrar as suas mães e que honram as mães não só no Dia das
Mães, mas nos trezentos e sessenta e cinco dias de cada ano e que não honram as
mães só por discursos, mas que as honram com abraços e beijos.
No
domingo passado, na nossa igreja, antes do culto, procurou-me uma mãe já idosa,
já velhinha, já com as mãos trêmulas. Ela me disse: “Douglas, por favor, dê-me
um abraço!” Ela não fazia isso por um gesto convencional, ela dizia: “Eu estou
precisando tanto de um abraço.” No meu escritório, nós nos abraçamos, eu e
aquela senhora que poderia ser a minha mãe. Nós repartimos lágrimas,
abraçamo-nos e beijamo-nos. Há tantas mães carentes e sedentas procurando,
sonhando, quem sabe até dizendo para o travesseiro: “Quando será que meu filho
me beijará novamente? Quando será que eu ganharei o abraço do meu filho que não
seja no Dia das Mães, que não seja no dia do meu aniversário, que não seja no
Natal ou em outras datas?” Sim, eu sonho com filhos que abracem, que beijem e
que saibam dizer palavras carinhosas às suas mães. Sonho duplo, sonho que
reparto nesta tarde, nesta Casa, que é templo.
E
concluo dizendo aquilo que, de certa maneira, já foi dito: tenho a impressão de
que os senhores e as senhoras que trabalham nesta Casa, até com maior profundidade,
poderiam abordar esta temática. Mas só em termos de manchete: todos nós sabemos
que os dias que nós vivemos são dias complicados, são dias de muitas dores,
dias de muito sofrimento, dias de muita insegurança, dias de muitas lutas, dias
de muitas brigas, são dias de muito ódio. E todos nós, de uma ou de outra
maneira, queremos acabar com isso; todos nós, de uma ou de outra maneira,
sonhamos com um mundo melhor; todos nós corremos atrás das nossas utopias;
todos nós temos as nossas visões de uma sociedade melhor; todos nós sonhamos
com um mundo melhor. A minha convicção é de que o mundo só será um mundo mais
agradável para nós vivermos, para as nossas mães viverem, para os nossos filhos
viverem, na medida em que nós nos deixarmos encontrar por este Deus que a
Bíblia chama Deus Pai, mas que em outros lugares a Bíblia diz que este Deus Pai
se manifesta como uma mãe que acalenta seu filho.
No
Novo Testamento nós encontramos uma palavra que diz: “Buscai o Reino de Deus em
primeiro lugar, e todas as coisas vos serão acrescentadas.” Nós queremos mães
que falem dos absolutos de Deus; nós corremos e procuramos, como Diógenes pelas
ruas das nossas cidades, filhos que ainda abracem suas mães. Nós sabemos que
isso só será uma realidade na medida em que nós buscarmos o Reino de Deus em
primeiro lugar. Que o Dia das Mães nos ajude a refletir sobre esta verdade.
Hoje e sempre! Obrigado pelo privilégio. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Registramos a presença da Delegada Márcia
Petry, do Grupamento de Operações Especiais do Departamento de Polícia
Metropolitana.
O
padre, o pastor e o rabino trouxeram as nossas mães mais para perto do nosso
coração, estejam elas ausentes ou presentes. Isso é importante que fique sempre
no nosso coração, todos os dias, não só no Dia das Mães. O Presidente da
Associação Cristã de Moços, Júlio César Machado da Silva, está com a palavra.
O SR. JÚLIO CÉSAR MACHADO DA SILVA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) A honra que nos é concedida por
esta Casa, nesta Sessão Solene, requerida pelo Ver. João Antonio Dib, muito nos
sensibiliza e por isso somos agradecidos.
Para
a Associação Cristã de Moços de Porto Alegre, a comemoração do Dia das Mães é
uma data muito especial. Como frisaram os nossos queridos componentes do grupo
inter-religioso, o Dia das Mães são todos os dias, mas a nossa Associação
elegeu um dia para que essa data seja melhor comemorada.
Foi
com sentimento de devoção que a metodista Anne Jarvis, querendo homenagear a
sua mãe e tornar público o seu agradecimento pelo amor e orientação recebidos,
promoveu, em West Virgínia, nos Estados Unidos, a primeira manifestação de
louvor no segundo domingo de maio, no ano de 1908.
Passados
dez anos, o então Secretário-Geral da ACM de Porto Alegre, Mr. Frank Long,
realizou a primeira comemoração do Dia das Mães no Brasil, no dia 12 de maio de
1918. No ano de 1932, o Presidente Getúlio Vargas reconhecia essa celebração e
a oficializou por decreto. Quinze anos depois, já em 1947, foi incluída no
calendário da Igreja Católica pelo Cardeal Dom Jaime de Barros Câmara, então
Arcebispo do Rio de Janeiro.
Feito
o registro histórico da evolução desta homenagem, gostaríamos de dizer que nos
sentimos muito à vontade nesta semana que consagramos às mães. Não somente pelo
privilégio de termos introduzido no País esta comemoração, mas porque os nossos
princípios filosóficos a consideram a base de formação das famílias e para nós,
família é a reserva moral de uma nação. Mas nos sentimos ainda mais
privilegiados por contarmos com uma expressiva presença de mães no nosso quadro
social, que fazem da ACM de Porto Alegre uma extensão dos seus lares,
contribuindo com sua parcela de alegria, entusiasmo e de participação nas atividades
esportivas, de lazer, sociais e culturais.
É
importante chamar a atenção para o valor da mãe, pelas melhores mudanças, que
ocorrem a partir de seu empenho e de seu exemplo, e celebrar essas mulheres,
que são responsáveis por serem o útero do mundo, gerando seres transformadores
e encaminhando-os para a vida, com amor.
Mais
importante que os bens materiais que possamos adquirir e presentear-lhes, é o
amor e a dedicação que devemos demonstrar-lhes não somente, mas especialmente
nesse dia 12 de maio: dia de praticar o amor que aprendemos a sentir com elas.
Agradecemos
aos senhores representantes da comunidade porto-alegrense, em especial ao Ver.
João Antonio Dib, requerente desta Sessão em comemoração ao Dia das Mães.
Num
ato que simboliza a importância deste dia, convidaria o nosso Secretário-Geral
Maurício para fazer a entrega de um buquê de flores, para que sejam lembradas
também aquelas mães que hoje não se encontram mais entre nós. Então, em memória
a elas, solicito ao nosso Secretário que entregue ao nosso querido Presidente
dos trabalhos, Ver. João Antonio Dib, este ramalhete de flores. Muito obrigado.
(Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
(É
feita a entrega das flores.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Casa escolheu, para que em seu nome
falasse, a Vereadora que é filha e mãe. Está com a palavra a Ver.ª Maria
Celeste, para agradecer a todos aqueles que hoje aqui compareceram e
abrilhantaram esta solenidade.
A SRA. MARIA CELESTE: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Nós nos sentimos muito honrados por
estar representando os demais Vereadores e Vereadoras desta Casa, numa
importante Sessão, proposta pelo nosso digníssimo maestro maior aqui da nossa
Casa, Ver. João Antonio Dib.
Eu
gostaria de lembrar um pouco a origem do Dia das Mães. Quotidianamente, o Dia
das Mães é visto de uma forma comercial. Marca-se a data ou lembra-se das mães
apenas um domingo do ano e de uma forma comercial, dando presentes,
homenageando-as apenas nesse dia; mas nem sempre foi assim. A mais antiga forma
de celebração da maternidade iniciou-se na antiga Roma. Havia um festival que
mais se assemelhava ao Dia das Mães, que era dedicado a uma deusa, Cibele,
também considerada a mãe dos deuses.
As
cerimônias em sua homenagem duravam três dias, numa festa conhecida como
“Hilária”.
No
século XVI, a Inglaterra comemorava o chamado “Domingo da Maternidade”, no
quarto domingo da Quaresma. Nessa época, a maioria dos jovens de baixa renda da
Inglaterra trabalhava como serviçais para a população rica. E como o seu
emprego ficava muito longe de suas casas, viviam na casa de seus empregadores.
No Dia das Mães, eles tinham folga e eram encorajados a ir para casa, passar o
dia com suas mães.
Com
a disseminação do cristianismo na Europa, o nome da comemoração mudou e passou
a honrar a “Mãe Igreja”, um poder espiritual que dava a vida e protegia a
todos.
Com
o passar do tempo, as duas comemorações foram conjugadas e esse domingo passou
a honrar tanto as mães como a Igreja.
Nos
Estados Unidos Anna Jarvis é a idealizadora do feriado. Em 1907 ela começou uma
campanha para instituir o Dia Nacional das Mães. Ela conseguiu que a pequena
cidade de Grafton, na Filadélfia, celebrasse o Dia das Mães no segundo
aniversário da morte de sua própria mãe, Anna Reese - diz-se Rice - Jarvis. No
ano seguinte, a comemoração se espalharia por toda a Filadélfia.
Logo,
Anna e seus colegas de causa começaram a escrever para padres e políticos de
todo o país, na tentativa de nacionalizar a comemoração. Em 1991, eles conseguiram
o que queriam, e o Dia das Mães foi celebrado em quase todos os Estados
norte-americanos.
Em
1914, o Presidente dos Estados Unidos proclama o Dia da Mães como feriado
nacional, e sempre celebrado no segundo domingo de maio. É um dia de
homenagens. Não é um dia de protesto, de manifestação. Mas nem por isso ele
deixa de ser um dia de reflexão.
Vale
aqui uma ressalva à árdua tarefa de ser mãe, mulher e chefe de família em nossa
sociedade, nos dias atuais. De ter que abdicar do tempo sagrado de cuidar e
conviver com os filhos para buscar garantir a sua sobrevivência, trabalhando
fora e recebendo salários inferiores aos homens, muitas vezes. Das mulheres
discriminadas e exploradas moral e psicologicamente. Das mulheres que batalham
por serem reconhecidas socialmente, por terem acesso à moradia, à educação e
saúde para si próprias e para os filhos, para terem terra para plantar e
cultivar esperanças. Também é um dia de homenagearmos às mães guerreiras de
nossa cidade, como as conselheiras do Orçamento Participativo, as educadoras,
professoras populares; as líderes comunitárias, as conselheiras tutelares. As
que ocupam cada vez mais espaço nas esferas do poder, no Executivo, Judiciário
e Legislativo, nós, mulheres, mães, Vereadoras, as agentes comunitárias de
saúde, as mães condicionadas socialmente a cuidar exclusivamente dos filhos e
do lar, enfim, todas àquelas mães que dedicam suas vidas para melhorar a
qualidade de vida de todos nós e de nossos filhos.
É
um dia para lembrarmos da nossa mãe maior, da nossa mãe Gaia, nossa mãe Terra,
que, sem dúvida, é uma das mães mais desrespeitadas no nosso mundo.
E este é um dia para que
cada homem, para que cada pai, para que cada filho reflita sobre isso. E, ao
abraçar e beijar sua mãe ou dedicar-lhe uma flor, ter consciência de que está
em contato com o único ser capaz de reproduzir aquilo que é o mais sagrado para
a humanidade: a vida.
É
por isso que nós, mulheres, mães, temos a responsabilidade de lutar todos os
dias, quotidianamente, arduamente, pela igualdade de condições, pela construção
de um mundo mais justo, humano e solidário para todos. Porque é esse nosso
olhar feminino, é esse nosso jeito feminino de ser que vai, certamente,
transformar o mundo e ter homens mais dignos e mais humanos para a posteridade.
Eu
queria aqui fazer um agradecimento especial ao Ver. João Antonio Dib, em nome
de todos os Vereadores desta Casa, por estar podendo prestar esta homenagem a
todas as mães, mulheres, da cidade de Porto Alegre. Muito obrigada. (Palmas.)
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Antes de encerrarmos esta Sessão, eu
gostaria, agradecendo a presença dos que integram a Mesa, de deixar a cada um
deles o nosso agradecimento com uma pequena lembrança, porque este Vereador faz
questão de registrar esta data que considero extremamente importante. Agradeço,
pois, a presença de todos, e digo: saúde e paz! Muito obrigado.
(É
feita a entrega das lembranças.)
(Encerra-se
a Sessão às 17h47min.)
* * * * *